A escolha de hoje é um murro. Porque a poesia pode, de maneira única, fazer isso: trazer beleza, possibilidades e dor.
Fotografia do 11 de setembro
Pularam dos andares em chamas –
um, dois, alguns outros,
acima, abaixo.
A fotografia os manteve em vida,
e agora os preserva
acima da terra ruma à terra.
Ainda estão completos,
cada um com seu próprio rosto
e sangue bem guardado.
Há tempo suficiente
para cabelos voarem,
para chaves e moedas
caírem dos bolsos.
Permanecem nos domínios do ar,
na esfera de lugares
que acabam de se abrir.
Só posso fazer duas coisas por eles –
descrever este vôo
e não acrescentar o último verso.
Wislawa Szymborska
Nasceu em 1923, no vilarejo polonês de Bninie.
Tradução:
Sylvio Fraga Neto e Danuta Haczy´nska da Nóbrega
Publicado na Revista Piauí
Maio/07
Pêsames:
